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A Limitação Imposta à Criança

Outro dia, estava passeando no shopping com minha família e me deparei com um fato, no mínimo, instigante:

Na praça de alimentação havia uma mãe jovem, de aproximadamente 27 anos, junto com sua filha de 1 ano e meio mais ou menos.

A referida mãe dizia insistentemente para a filha: “abre a boca filhinha para comer o seu papa”.

Mediante a repetição, decidi olhar o que acontecia, eis que para minha surpresa me deparei com a mãe oferecendo para a criança, como jantar, uma papinha pronta – destas que se encontra facilmente nas prateleiras dos supermercados.

A cena foi muito interessante:

A mãe oferecia a papinha e a cada oferta, a criança dava um passo para trás e balançava a cabeça em movimento negativo, ao mesmo tempo em que cerrava a boca.

Isto aconteceu até a criança deparar-se com a parede atrás de si.

Diante de diversos olhares, a mãe abaixou a cabeça.

Em seguida com um tom de voz mais animado, disse para a filha: “então vem comer sua frutinha!”.

Eu, em minha inocência pensei: até que enfim este ser vai dar algo bom para a criança comer.

Ledo engano, mal formulei esta ideia, a mãe sacou de dentro da bolsa outra papinha, mas agora era sabor frutas.

E a criança, inteligentemente manteve-se resistente e dentro de suas limitadas possibilidades de ação tentou não comer aquilo.

Meus Questionamentos:

Fiquei intrigada com tal situação e imaginando que para a criança ser tão persistente em sua recusa, este tipo de alimento, se é que pode ser chamado assim, é dado para a pequena com certa freqüência (ou não!?!).

Questionei-me sobre:

  • Que mundo está sendo mostrado, dado para esta criança?
  • Quais são suas possibilidades de escolha, se não lhe é ofertado nada de diferente?
  • Por que não pode comer o que a mãe estava comendo (até porque a refeição que a mesma fazia parecia mais apetitosa e no mínimo mais vistosa)?
  • O que precisa ser diferenciado?
  • Qual a diferença entre levar uma fruta “fruta” e um pote de papinha, já que ambos estão prontos para o consumo?
  • Que adulto esta criança será para o mundo?
  • O quanto esta mãe está disposta / aberta para exercer a maternidade?

Alimentação na Primeira Infância:

Penso que falar de alimentação na primeira infância é sinônimo de cuidados primordiais, que irão refletir na vida deste ser por um longo período, isto se não for para a vida toda.

Sem contar que até o segundo ano de vida, a criança realizará descobertas e terá aprendizados que se pensados em quantidade, superará o que ela aprenderá pelo resto de sua vida.

Nesta idade, quem apresenta o mundo em suas possibilidades e diversidades para as crianças são os adultos, independentes de serem os pais, avós, tios, professores, etc.

Confesso que fico entristecida em perceber que os adultos aprisionam as crianças dentro de suas próprias limitações.

Limitações que acredito não estarem relacionadas com a informação nutricional, mas refiro-me as limitações internas enquanto ser humano, ser pensante.

Penso ainda, na provável desconexão consigo que irá se expressar nas relações, impedindo de perceber o quanto isto afetará o outro e a si mesmo, influenciando diretamente a qualidade da relação e também de vida.

Contudo, me alegra acreditar que tudo pode ser transformado, principalmente as pessoas e, que sempre há tempo para despertar e fazer diferente.

Da mesma forma como existem pessoas semelhantes à situação descrita acima, também há muitas pessoas que enfrentam suas limitações e procuram vencê-las, para viverem bem e dar o melhor de si para o mundo.

Algumas vezes é possível ultrapassar os próprios limites sozinhos, em outros casos, será pertinente a ajuda de um psicólogo, pois olhar para si pode ser desafiador e às vezes até amedrontador, tudo depende da escolha e do quão conectado está com sua essência.

Sábio foi aquele que disse e praticou / pratica: você só dá aquilo que tem, é impossível dar ao outro o que não tem.

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